Ao lado de fora da porta da sala, curvada e chorando, abraçada aos joelhos soluçava balbuciando dores sem sentido.
Ele então, contrariando a ordem dos fatores futuros, sentou ao lado da moça, ergueu sua cabeça e perguntou motivo de tanto sofrer.
"Eu pareço atraente aos teus olhos?"
Ela perguntou tão baixo que foi quase um cochicho entrecortado por soluços e lágrimas
"Porque essa pergunta?"
"EU PAREÇO ATRAENTE AOS TEUS OLHOS?" Agora era já um grito, tanto horror e medo dessas palavras saíram que ele a sentiu dentro de si.
A beijou.
A beijou tão ardentemente e pedinte, um desejo tão fluente, uma vontade quase incontável, tão densa, tão viscosa, concreta, malvada e maliciosa, um querer tão puro, tão intimo.
As línguas dançando em sintonia, uma resposta, uma fantasia, um despertar de um pesadelo.
Um cessar de lágrimas.
Um sorriso dela para ele.
Um sorriso dele para ela.
Era uma segunda feira, dentro da sala eles comemoravam o fim de uma etapa, ali fora os dois festejavam o inicio de outra.