sábado, 19 de fevereiro de 2011

Pequena mastigada XI

Um suspiro... Nossas cores, nosso tempo, nossa luz, nosso amor.
Um suspiro, a realidade.

Café amargo

Depois do dia de hoje, tudo o que queria era tomar um banho quente, jantar e dormir.
A porta abriu e a bolsa e as sacolas do mercado foram jogadas no sofá Barbara chorava, seus braços doíam e a cabeça latejava.
Encheu a banheira e jogo metade do sal de banho preferido na água. Antes de entrar foi no armário e pegou a garrafa de vinho que havia ganhado de natal de sua vizinha. Teve algum trabalho com o saca-rolha, mas o esforço teria que vale a pena.
Tomou direto da garrafa um bom gole e já no banheiro, se despiu.
Entrando na água, sentindo cada poro de sua pele em sintonia com a temperatura, tomou outro gole. E mais outro em seguida.
Alcançou o pequeno espelho que ficava perto da banheira e se olhou.
Lágrimas negras secaram, formando um caminho de maquiagem derretida por seu rosto.
Outro gole de vinho.
Lavou-se com paciência, já sentia algum tipo de vertigem causado pelo álcool, e isso a deixou mais tranqüila.
Enrolada na toalha e andando pela casa com a garrafa de vinho na mão, Barbara procurava a bolsa para pegar um dos cigarros que havia comprado. Nunca fumara, não sabia qual marca iria gostar, então escolheu três famosas e trouxe para casa.
Outro gole de vinho, bolsa no sofá.
Acendeu um.
Acendeu o segundo.
Já estava no oitavo cigarro e na segunda garrafa de vinho.
Resolveu jantar algo pronto e pediu uma pizza e quando esta chegou, Barbara nem se deu o trabalho de vestir-se, foi abrir a porta.
E lá estava ele, o entregador de pizzas.
Moreno alto, aparentava estar nos seus 20 anos, ombros largos, olhos profundos e com um volume nas calças que surgiu ao ver a garota da porta ainda um pouco molhada e somente coberta por uma toalha.
Num intervalo de tempo imperceptível, ela jogou seu corpo com intensidade ao garoto, beijando-o selvagemente.
Pizza para um lado, cigarro para o outro, toalha e uniforme jogados ao relento da sala da pequena casa em que Barbara morava.
Fizeram sexo, fizeram amor, trocaram fluidos, energias, beijos e gemidos.
Ele vestiu-se, cobrou a pizza, desejou boa noite e foi embora, sem nem dizer seu nome.
Barbara se sentia bem e sóbria.
Precisava de mais vinho, acendeu um cigarro e voltou a encher a banheira.

Pequena mastigada X

E de repente um filme com final conhecido, as reações serão as mesmas.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Mesa para uma pessoa.

Estar sozinha é uma boa saída para qualquer situação.
Quando estou só, mas preenchida de mim, me sinto próxima do que realmente sou, e afastada das mais aparentes suposições.
Esse vazio de mim, esse cheio de eu, me faz aprender o quão desapegada sou das coisas, das pessoas. Mas me mostra o quanto fui ensinada a depender delas, como preciso delas.
Quietos são os ecos dos meus pensamentos, neste encanto absoluto onde só há eu a temer, só eu a julgar ou acusar.
Perco-me em criticas, me afundo em melancolia, me agarro às bordas desse buraco que me suga e me puxa em minha direção, a mim, a esta que escreve no silencio do agora, voando em devaneios, cortando-se em auto-avaliações, surgindo do nada, mudando, voltando, só ela, só eu.
Estar sozinha é uma boa saída para qualquer situação.
É um bom veneno para qual for a chateação, pode ser bom e bom pode não ser.

Pequena mastigada IX

Quem me dera acreditar em mim mesma.

Pequena mastigada VIII

O futuro concreto se mostra incerto quando você está aqui.

Pequena mastigada VII

Posso eu, jovem mortal, me perder no profundo enigma dos teus olhos?